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Ubatuba prepara comemoração ao” Dia em homenagem aos imigrantes japoneses presos na Ilha Anchieta






Evento será prévia para 2018, que marca os 110 anos da imigração japonesa; objetivo é visita de membro família imperial ao município





Na manhã de terça-feira, 18, a Prefeitura de Ubatuba sediou uma reunião que discutiu a comemoração do “Dia em homenagem aos imigrantes japoneses presos na Ilha Anchieta”, celebrado no dia 23 de setembro.

A data foi instituída no calendário oficial do município após aprovação do Projeto de Lei 53/17, de autoria do vereador Osmar Dias de Souza (PSD). Este ano, a realização de um evento deve ser uma prévia para 2018 – ano que marca os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil.

A comissão falou sobre o desejo de integrar a data municipal como parte das comemorações dos 110 anos da Imigração, que contará com a vinda de uma das princesas da família imperial do Japão , cuja chegada ao país está prevista para 19 de setembro do próximo ano. Essa intenção foi formalizada por meio de uma carta que o prefeito de Ubatuba, Délcio José Sato (PSD), entregou à presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), Sra Harumi Goya, em visita à capital paulista no dia 13 de julho.

Está sendo elaborado um protocolo para a visita, pelo Bunkyo em parceria com o Consulado Geral do Japão em São Paulo, e o objetivo é que a visita à Ilha seja inclusa nessa programação.



2017

Este ano as comemorações marcariam o 1º encontro dos japoneses indo pra Ilha. Inicialmente, deve ser um evento fechado que poderá reunir cerca de 100 pessoas – em sua maioria, familiares de presos da época. Aproximadamente 20 pessoas devem vir de São Paulo para a visita, inclusive, o último sobrevivente, sr. Kitaka, atualmente com 90 anos.

Foi sugerido um encontro de boas-vindas no Saco da Ribeira, local da partida rumo à Ilha Anchieta. Assim que todos desembarcassem ao local, a sugestão é um trajeto que contemple uma visita ao gerador (que deve ser recuperado e consolidado em uma espécie de monumento comemorativo), seguindo pela antiga usina, bica Shindo Renmei até a praia das Palmas, onde será relembrada a tradição dos antigos moradores que promoviam culto voltados em direção ao sol nascente. De acordo com uma das idealizadoras da iniciativa, a biomédica Melisa Miyasaka Sakamoto, um monge budista chamado Fukasawa deve conduzir a breve cerimônia.

Melissa ainda sugeriu que as atividades do dia sejam registradas por meio de filmagens e enviadas como um convite mais efetivo junto ao Consulado, para reforçar a possibilidade da participação de um membro da família imperial no próximo ano.

O desejo do prefeito é que a comemoração não seja apenas um evento, mas que deixasse uma marca efetiva na História. “Muitas vezes nos restringimos a apenas valorizar a cultura, a gastronomia e as tradições japonesas. Mas o que vamos deixar registrado na História? Esse é o real propósito dessa comemoração”, afirmou Sato.

Rafael Assai, presidente da Associação Nipo Brasileira de Ubatuba (Anibra) também participou da reunião, colocando a Anibra à disposição e, também, fazendo algumas sugestões.





Desdobramentos

Foi sugerida a elaboração de uma cartilha em Mangá para basear o desenvolvimento de um projeto junto às escolas do município que conte e ensine a História.

Essa ação deve acontecer no próximo ano, juntamente com um concurso nas escolas que vai mensurar a devolutiva do conteúdo trabalhado. A ideia e que o premio principal seja um dos quadros do artista Ikeda, que será doado por sua família







História

O tenente Samuel Messias de Oliveira, da Associação pró-resgate histórico da Ilha Anchieta e Filhos da Ilha, explicou que a associação é formada por pessoas como presos políticos e funcionários, ou seja, que nutrem algum tipo de vinculo muito forte com a ilha “É o vínculo que faz a pessoa ser filho da ilha”, falou Oliveira.

O tenente faz parte de toda a história de memória e resgate da história dos sobreviventes da rebelião da Ilha (1952) e destaca que a História da Ilha acaba fazendo parte da História de Ubatuba.

Para entender o dia 23 de setembro como data comemorativa, ele fez uma breve explicação sobre a história dos imigrantes e presos políticos do local, como a memória aos búlgaros e gagaúzos bassarabianos no calendário de Ubatuba, que lembra a morte de 151 deles na ilha Anchieta em 1926.

Melissa reforçou a importância de lembrar a passagem de 172 imigrantes japoneses pelo presídio da Ilha Anchieta, pois dos 1444 que ficaram detidos, a maioria era inocente.

O gerador

A importância da peça vem do significado – o gerador era consertado por dois presos japoneses e foi mantido pelos prisioneiros. A conservação e consolidação como monumento vem reforçar a lembrança do período em que estiveram no local, bem como a atuação dos presos na Ilha, sempre desenvolvendo inúmeras atividades.







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Fonte: Secretaria de Comunicação Social / PMU

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