ECONORTE

Santa Casa enfrenta dificuldades para atender demanda







Único hospital da cidade atende em média 80% casos de pronto socorro, que não são urgências/emergências

Por Raell Nunes, de Ubatuba



Apesar de receber um repasse de R$ 25.447.529,36 este ano – superando o ano anterior R$ 24.135.692,52 –, a Santa Casa de Ubatuba ainda enfrenta muitos obstáculos para atender com presteza e qualidade a população. A Prefeitura Municipal tem contrato com a entidade até dezembro de 2020.

A instituição afirma que faltam recursos financeiros para investir em manutenção predial, reformas, compra e reposição de mobiliário hospitalar e obtenção de novos equipamentos hospitalares. Além dos serviços de pronto socorro 24h, a unidade hospitalar faz por mês de 300 a 500 ultrassons, 800 raios x e efetiva diversas cirurgias eletivas.

Conforme apontam, há uma crescente na população idosa, pois muitos se aposentam e adquirem residência no município. A complexidade no atendimento da terceira idade fica por conta do maior tempo de internação, medicação e tratamento.

Em relação à quantia no repasse de verba, a administração fala que na saúde os números são enormes. Ainda assim, os repasses provenientes das duas esferas (Prefeitura de Ubatuba e Governo Federal), não são suficientes.

“A Santa Casa atende 24h. Tem uma escala operacional de serviços que atende 24h, gerando custos trabalhistas e tudo mais. A crise que abrange o país, também toca Ubatuba. Aumento nos suprimentos hospitalares, manutenções, instrumentos, equipamentos e tudo que envolve o funcionamento diário também sofrem com a crise”, expõe a assessoria da administração do hospital.

Mais problemas

A falta de um Ambulatório Municipal Médico para atender pequenos casos de saúde deixa ainda mais penoso o serviço da instituição. Atualmente, a Santa Casa atende uma média de 80% casos de pronto socorro, que não são urgências/emergências. Sendo assim, o setor fica conglomerado. Ubatuba tem mais de 80 mil habitantes e apenas um prédio hospitalar.

A comunicação da Santa Casa diz que não se pode esquecer que um hospital requer manutenção, reforma, pintura, reposição de mobiliário, macas, colchões, cadeiras entre outros itens essenciais para o bom funcionamento do local.

“Outro fator de suma importância está no uso inadequado da Santa Casa. Muitos usuários que buscam o pronto socorro são demandas consideradas de acolhimento de base, portanto deveriam ser atendidas nos bairros. Devido a este mau entendimento do uso por parte da população, a unidade é obrigada a manter um plantão de serviço com uma escala cheia” acrescentou.

Segundo a Prefeitura de Ubatuba, o valor de mais de R$ 25 milhões atribuídos à Santa Casa não tem participação nenhuma do Governo do Estado de São Paulo. Desse montante, R$ 19 São provenientes da receita da própria municipalidade e R$ 6 milhões são do Governo Federal.

A Prefeitura ainda esclarece que a Santa Casa não é um órgão da mesma. Conforme disse, é uma entidade sem fins lucrativos, com administração particular (provedoria), que recebe recursos públicos para realizar trabalhos de atendimento hospitalar.

Demissões

No mês passado, o provedor da Santa Casa de Ubatuba, Dr. Fanio de Souza Santos, comunicou que “as demissões foram necessárias para readequar o quadro ao número de serviços, considerando-se a redução significativa dos recursos e custos inflacionários que vem violentamente sufocando a instituição obrigando a adoção de duras medidas”.

A reportagem questionou a assessoria da provedoria sobre a questão. No entanto, foi-se explicado que a situação ainda não se encerrou e foi estabelecido um teto de redução da folha de trabalho. Conforme nota, a administração ainda estuda o fim desta etapa e que as demissões não atendem uma meta e tudo está sendo analisado.

A assessoria de comunicação ainda esclarece que as demissões foram as mais árduas, porém o processo deu-se através do uso de resultados das avaliações de desempenho, produtividade e comprometimento dos funcionários, aplicado pelo setor de recursos humanos.

“A revisão dos contratos de prestadores de serviços, como no caso dos médicos. Além das medidas já consideradas comuns em tempos de crise como uma revisão nos contratos de fornecedores além da implantação de diferentes critérios para novas compras”, concluiu.

Promessas

A construção da UPA (Unidade Pronto Atendimento), no bairro Maranduba, orçada inicialmente em mais de R$ 1,5 milhões, está atrasada há quase um ano. Outro problema é a não conclusão de uma UBS (Unidade Básica de Saúde), no Perequê-Açú, com preço inicial de R$ 568.433,78. Essa construção era para ser entregue no primeiro semestre de 2015, mas está abandonada.

O novo prefeito eleito do município, Délcio Sato (PSD), prometeu retomar essas obras e colocar em prática os serviços que eram destinamos as mesmas. A nova gestão promete um pronto atendimento e um pronto socorro especializado no atendimento infantil.

“Os investimentos em infraestrutura e programas preventivos orientados para a saúde são estratégicos neste programa de governo. O recém-nascido, a criança, o jovem, a mulher, a pessoa com deficiência e o idoso são segmentos que necessitam de ações especiais de saúde”, apresenta o plano de governo.

Fortalecer relações com a Santa Casa e Governo do Estado para viabilizar a transformação da Enfermaria de Cuidados Especiais em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e concluir o novo Centro Cirúrgico com quatro salas cirúrgicas também são ações propostas pela futura administração da cidade.

“Criar um Pronto Atendimento Municipal para agilizar os atendimentos de urgência desafogando o Pronto Socorro da Santa Casa, com infraestrutura para tratamento com hemodiálise; Implantar centros especiais de atendimento ao idoso, integrando espaços e profissionais das áreas de saúde, educação, cultura, assistência social e esporte” promete.

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