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Sobrevivente de Acidente em Paraty Conta Detalhes da Tragédia


Sobrevivente de Acidente em Paraty Conta Detalhes da Tragédia



Santa Casa de Ubatuba ajudou no atendimento aos feridosJoão Pedro Néia



Mãe de outra sobrevivente, uma jovem de 19 anos que aguarda cirurgia, conta que a filha não se lembra do acidente

Por João Pedro Néia


Dos oito feridos que deram entrada na Santa Casa de Ubatuba após o grave acidente de domingo (6) em Paraty, três seguem internados no hospital, mas nenhum corre risco de morte. O ônibus da empresa Colitur, que saiu da rodoviária de Paraty com destino à famosa praia de Trindade, tombou em um trecho conhecido como Morro Deus me Livre, matando 15 pessoas e ferindo outras 62. Segundo relatos de sobreviventes, o ônibus perdeu o freio.

Uma das vítimas, internada na Santa Casa de Ubatuba, conversou com a reportagem do portal Tamoios News na tarde desta terça (8) e deu sua versão dos fatos. Wallace Ferreira, de 27 anos, morador de São Paulo, passava o feriado em Paraty com a namorada e algumas amigas. Ainda sob efeito de remédios para a dor, Wallace relatou o que aconteceu logo após o ônibus tombar.


"O ônibus saiu lotado de lá, mais do que a capacidade normal. Eu estava em pé. Assim que ele perdeu o controle, o ônibus caiu para a direita. Eu fiquei pendurado na barra, mas alguém acabou caindo em cima de mim. Boa parte das pessoas que morreram estavam sentadas na parte da frente, do lado direito. Quando eu consegui sair do ônibus, eu olhei para fora e já tinha muita gente. Algumas sem partes de membros do corpo. Tinha muito sangue. Falaram que a pista estava molhada. A pista não estava molhada, porque quando eu saí eu deitei no chão. Eu deitei exatamente onde ele derrapou. E fiquei esperando ser atendido. Fui atendido por médicos que estavam no carro atrás da gente. A ambulância me pegou quando os médicos disseram que eu estava pronto para ser levado. Fui pra Paraty primeiro e depois me mandaram para cá por causa do especialista em ortopedia. Muita gente tem machucado nas costas porque as pessoas que tentavam sair pisavam umas nas outras. Quebrei o braço e duas costelas, [tive uma] rachadura no tórax, [levei] 5 pontos na cabeça e minhas costas estão raladas."


A namorada de Wallace e as amigas passam bem e não precisaram ser internadas.


A jovem Paloma Soares Matos Santos, 19, de São Paulo, também aproveitava o feriado em Paraty com um grupo de amigos. A mãe de Paloma, Selma Soares Matos Santos, conversou com a reportagem. Segundo ela, Paloma, que também está sob efeito de remédios por conta das fortes dores no corpo, ainda não se recorda totalmente do que aconteceu. Confusa, chegou a dizer à mãe que havia caído de um cavalo. Paloma ainda não sabe que duas amigas que dividiam o quarto com ela na pousada em Paraty morreram no acidente.


"Quando ela acordou, ela não sabia direito o que estava acontecendo. Ela achava que estava chegando do trabalho. Hoje ela disse que começou a lembrar, mas até ontem ela nem lembrava que estava num ônibus. Ela está confusa até pelo efeito dos remédios. Graças a Deus não quebrou a coluna. Ela fez todos os exames por imagem aqui. Mas como o impacto foi muito forte, ela ainda não consegue se locomover da cintura pra cima, mas é alguma coisa psicológica, porque os exames estão todos normais. Ela só precisa se recuperar. Ela quebrou o cotovelo em vários pedaços e estamos aguardando a transferência para a cirurgia. Quando eu soube do acidente, eu não tinha ideia da proporção. Quando vi que tinham morrido 15 pessoas fiquei desesperada. Depois fiquei sabendo que ela tinha sido transferida pra Ubatuba, e eu pensei que, se ela precisou de transferência, é porque a coisa era grave. Arranjei um carro e vim direto pra cá. Ela saiu de São Paulo junto com um grupo de 12 amigos, na sexta-feira à noite. No passeio pra Trindade eles estavam em 8. Duas foram a óbito e ela ainda não sabe. Um amigo perdeu a orelha e passou por cirurgia no Rio de Janeiro. Os outros já tiveram alta. Mas duas faleceram. Elas sempre viajavam juntas."

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