ECONORTE

Manifestação pela reabertura do Teatro reúne centenas de pessoas






O objetivo dos artistas é pressionar o poder público e reabrir o espaço, que cerrou suas portas em janeiro de 2013

Patrícia Rosseto



No último domingo, a Praça da Igreja Matriz, recebeu grupos de artistas de diferentes vertentes, que juntos formam o “Movimento Arte Ubatuba,” em manifestação em prol da reabertura do teatro da cidade. O evento se deu de forma pacífica e com apresentações voluntárias. Os participantes do protesto querem explicações de membros do poder público a respeito dos motivos que fazem com que o teatro permaneça fechado.

De acordo com o diretor de teatro, Heyttor Barsalini, os desdobramentos após o protesto vão acontecer ainda nos próximos dias, porém, ele acredita que o saldo desta reunião de artistas é muito positivo, demonstra que há união entre a classe. “Eu tive experiências artísticas em várias cidades, inclusive Campinas, onde vivi por muitos anos e nunca havia presenciado uma união tão significativa da classe artística”.

Os artistas integrantes vêm se organizando como um Conselho Municipal de Cultura desde 2011. Barsalini aponta que “poucas cidades contam com este tipo de Conselho atuante”. Para ele, “esta manifestação é histórica, significante e rara”.

Já o consultor tributário Marcos Leopoldo Guerra, afirma que “toda manifestação tem resultados positivos”, porém, ele acredita que muitos dos manifestantes estão pouco informados a respeito da real situação da obra onde está o teatro. “Muitos se esquecem do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) feito no final de 2012, portanto, se as medidas deixaram de ser cumpridas não há como responsabilizar a administração anterior, pois a partir de janeiro de 2013 ela foi assumida pela atual”, opina.

Guerra explica que anteriormente apontou o que considerava irregularidades no teatro através de uma Ação Popular e mesmo diante disso, um laudo dos bombeiros permitiu que houvesse a inauguração. De acordo com ele, o próprio Condephaat, na época, suspendeu o embargo da obra. “Não consegui que a Justiça tivesse o entendimento de que a obra deveria ser paralisada ou demolida. Então, solicitei o arquivamento do processo por perda do objeto, pois se o próprio Conselho considerava ser possível o cancelamento dos embargos da construção, não seria eu que me oporia a tal decisão”, declara.

Márcia Sanches Venturi, empresária, avalia que a manifestação foi um sucesso porque conseguiu a união de artistas de todas as áreas da cultura de Ubatuba, gratuita e voluntariamente.

Ela explica que recolheram assinaturas para direcionar ao atual prefeito, Maurício Moromizato (PT), o pedido de reabertura. “Espero que alcancemos o objetivo, já que antes de começar este movimento, não houve nenhuma manifestação de parte da gestão atual, nem notícia ou esclarecimento sobre o assunto”, analisa Márcia.

De acordo com ela, a prefeitura investiu recentemente R$ 300 mil em um filme chamado ‘A Grande Vitória’, a respeito de um caiçara de Ubatuba, sabendo que os gastos aproximados para a liberação do Alvará de Funcionamento para o teatro é aproximadamente a mesma quantia, “É de estranhar que a Prefeitura diga que não há verbas, se houve para a promoção de tal filme. Com isso digo que não está nada claro ainda e que continuaremos na luta”.

Durante quase cinco horas estiveram presentes em torno de 60 artistas provenientes de circo, dança, música, poesia, entre outros, e cerca de 500 pessoas assistindo e participando das atividades propostas.



Prefeitura

Segundo a Prefeitura de Ubatuba foi enviado ao Ministério Público durante a semana passada, vários documentos que apontam diversas irregularidades e ilegalidades, impedindo a reabertura desta obra, que tem o nome oficial de “Centro do Professorado”.

O trabalho entregue ao Poder Judiciário tem cerca de mil páginas e relata problemas no processo desde a desapropriação do antigo imóvel, até a utilização irregular do novo prédio em 2012. Durante a manifestação não houve nenhuma declaração oficial do poder público.



Foto: Márcia Sanches Venturi/ Divulgação



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