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Saúde promove encontro com profissionais para prevenir Aids e DSTs


Roda de palestras e bate papo fazem parte da campanha de prevenção das DSTs

Cerca de 50 pessoas formaram uma plateia participativa e interessada em discutir a Aids no auditório da Câmara Municipal de Ubatuba na última semana, durante o encontro Ubatuba Contra a Aids: Informação, Acolhimento e Cidadania. Secretários, professores, médicos, psicólogos, funcionários públicos, voluntários e ativistas marcaram presença, bem como a diretora Rosangela Gouveia, da Escola Estadual Sueli Aparecida Figueira; Nelson Medeiros, professor e mediador das escolas estaduais e Andréia Felix, representante dos agentes de saúde do bairro do Perequê-Açu. Promovida pela secretarias de Saúde e Cidadania, em parceria com o Instituto Blablablá Posithivo, a roda de palestras e o bate papo fazem parte da campanha de prevenção das DSTs no Carnaval.

“Aproveitamos esse período para chamar a atenção para a importância da prevenção e de outros temas que precisam ser mantidos sempre em pauta”, diz Ana Emília Gaspar, secretária de Saúde. Ao abrir o evento, Sérgio Maida, secretário da Cidadania e do Desenvolvimento Social, fez um breve histórico da epidemia da Aids e disse que, hoje, o maior problema da doença é o preconceito.



“Aliás”, comentou ele, “o preconceito é o maior inimigo da humanidade, porque se manifesta em todos os setores, não só no da Aids, atingindo as pessoas mais fragilizadas. É a porta de entrada do fascismo e a melhor maneira de combatê-lo é dando educação, acolhimento e ajudando a promover a cidadania.”

Médico infectologista, Fernando Skazufka Bergel disse que o tratamento da Aids obteve grandes avanços e o serviço de atendimento público da cidade, em geral, consegue acompanhá-los.

“O que podemos oferecer aos pacientes daqui é o que temos de melhor em todo o Brasil”, afirma o médico, que se formou em São Paulo, fez residência no Emílio Ribas e está há 17 anos no Programa Municipal de DST/Aids de Ubatuba. Fernando contou que há muita dificuldade de adesão dos pacientes ao tratamento e isso acontece, na maioria das vezes, em função da dependência química. “A epidemia do crack mina nossos esforços,” lamenta.

Luiz Aparício, psicólogo do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps), destacou que o tratamento da Aids precisa enxergar o ser humano como um todo e não apenas nos sintomas.



“A adesão a esse e a qualquer outro tratamento só é possível quando o paciente passa a gostar de si mesmo, consequentemente, ter mais cuidado com ele próprio. Precisamos sensibilizar as pessoas para o exercício da vida,” explica Luiz. Já a secretária da Saúde, Ana Emília Gaspar, contou que a cidade está reorganizando o serviço de atendimento com o objetivo de combater a falta de adesão ao tratamento de HIV/aids. Ela informou que os agentes do Programa de Saúde da Família serão capacitados para fazer o trabalho de prevenção e o Saúde na Escola vai atuar junto à população entre 13 e 14 anos, uma das mais vulneráveis são HIV atualmente, com registro de altos índices de infecção.

Ana lembrou que a verba para tratar a doença está longe de ser suficiente. “Tivemos R$ 75 mil do Plano de Ação e Metas, em três parcelas de 25 mil, e gastamos 700 mil em 2013”, diz a secretária, que apontou outros números: São, segundo ela, 210 adultos com HIV/aids atendidos no serviço municipal e nove crianças.

O tema preconceito voltou à mesa na fala da ativista e escritora Simara Retti, fundadora do Instituto Blablablá Posithivo e do EspaSOL (espaço solidário localizado no Terminal Turístico do Perequê-Açu, criado em parceria com a secretaria de Cidadania e Comtur). Silmara relatou sua trajetória depois de descobrir que contraiu o vírus HIV, em 1999, ainda numa época difícil, de poucos recursos e muito preconceito. Abordou também temas como a dificuldade de aderir ao tratamento devido a lipodistrofia, que é a má distribuição de gordura no corpo, e a grande quantidade de remédios que compõem o coquetel. Com ela, estava presente a psicóloga do Instituto, Angélica Duarte, que falou um pouco sobre sexualidade.

Única palestrante de fora da cidade, a escritora e editora-executiva dessa agência, Roseli Tardelli, fez para a plateia e a mesa uma apresentação do tratamento do tema Aids na mídia, desde o surgimento das primeiras notícias, em 1981, até os dias de hoje.

Roseli veio à cidade fazer o lançamento do livro O Valor da Vida - 10 Anos da Agência Aids, em que relata sua experiência à frente do portal de notícias sobre a Aids. A jornalista fez o primeiro lançamento do livro em São Paulo, no último 1 de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a Aids.





Foto: PMU



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