ECONORTE

Moradores dão abraço simbólico na Cachoeira da Renata em protesto contra captação de água da Sabesp







SOS é o grito que a comunidade do sul de Ubatuba faz pela manutenção da cachoeira
Mara Cirino


A comunidade do Sertão da Quina, no sul de Ubatuba, e amigos, participantes do movimento SOS Cachoeiras, realizaram no ultimo sábado uma manifestação na Cachoeira da Renata. Eles deram um abraço simbólico neste que é considerado o maior corpo d´água da região. A iniciativa é contra a proposta da Sabesp que quer fazer a captação de água acima das cachoeiras existentes no local com objetivo de levar água tratada para cerca de 50 mil moradores dos bairros Sertão da Quina, Araribá, Maranduba, Lagoinha.
Em um manifesto, a comunidade atenta que “esse projeto é do interesse de todos: da Sabesp, por ter a obrigação do saneamento básico e pela remuneração que terão pelos serviços prestados; da Prefeitura, pois é um grande investimento para o município e também do interesse da população, que será beneficiada com água tratada em suas moradias”. No entanto, o que os moradores observam é que o local onde a Sabesp, sem a participação pública, decidiu captar a água, trata-se de um dos mais belos pontos turísticos do Sertão da Quina e de Ubatuba como um todo: a Cachoeira da Renata. “Os prejuízos que a obra causará, sendo feita neste local serão diversos”, diz a auxiliar de desenvolvimento infantil e guia turística Jéssica dos Santos, 25, moradora do Sertão da Quina e uma das organizadoras do manifesto. Segundo ela, entre esses prejuízos estariam a diminuição do fluxo de água na cachoeira da Renata, Cachoeira 2 e a do Zé Correia, que fazem parte da Rota das Cachoeiras, o principal atrativo turístico do bairro. “A barragem de concreto e as tubulações de ferro irão intervir da paisagem natural, o que afastaria os turistas, afetando todo o comércio da região. Há ainda impacto ambiental, que pode afetar o próprio curso do rio e espécies da fauna e flora local”.
O movimento SOS Cachoeiras quer que a Sabesp mude a localização da captação de água para abaixo das cachoeiras, de forma que a população tenha a água tratada em casa e as cachoeiras sejam preservadas.


No dia 25 de julho, a Promotoria da Justiça Ambiental, após denúncia do movimento, instaurou um inquérito para saber a legalidade da obra e os impactos ambientais provenientes dela. Já no dia 27 do mesmo mês, houve um manifesto onde cerca de 200 integrantes pararam a rodovia Rio-Santos (SP-55) por cerca de 30 minutos.


De acordo com Jéssica, a comunidade desconhece os impactos que o empreendimento pode trazer para as cachoeiras. “Numa reunião que tivemos com a Sabesp, foi nos apresentado o projeto de licenciamento, que constava erro no nome de um rio – no licenciamento, eles citam o rio Maribondo, mas as obras ocorrem no rio Água Branca. Prometeram nos dar acesso ao projeto e realizar outros encontros, mais isso não ocorreu”. De acordo coma Sabesp, a obra vem atender a uma demanda antiga de abastecimento da região. Para sua viabilização, foram elaborados estudos hidrológicos e projetos visando o menor impacto possível ao Meio Ambiente. O custo da obra é de R$ 16,5 milhões. A intervenção prevê composto por captação, adução de água bruta, tratamento e distribuição de água tratada. Ainda conforme a empresa, ela possui todas as licenças ambientais exigidas por lei, fornecidas pelos órgãos responsáveis (DAEE e Cetesb).
Segundo a assessoria de imprensa da empresa no Litoral Norte, o que está em andamento é a obra da Estação de Tratamento de Água (ETA) e não a de captação. A construção do sistema foi iniciada em dezembro de 2012 e tem previsão de término para 2015.


Foto: Divulgação

Comentários

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  2. Lamentável isso... A Sabesp simplesmente acabou com um dos nossos maiores bens naturais!!!Não me conformo até hoje...

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